Culto dominical - 1991 |
Eu sinto que preciso parar o meu mundo que gira em voracidade e me apresentar franco e destemido à mim. Sem medo de ser feliz! Livre! Livre de mim!
Oh, meu Deus, se eu pudesse dar vazão aos meus cara-miolos que me humaniza! Mas tememos as naturalidades. Transcender pode ser mais atrativo e justificador dos medos. Sem julgamentos, me diga: O que atrairia Deus ao homem senão a peculiaridade em ser humano? Deus tem os anjos cantarolando Sua majestade pela eternidade, não seria outro anjo que ele procuraria em mim. E eu nem sei cantar!
Eu me deparo comigo nesta madrugada e me felicito por ver em meus olhos, o mesmo amor que lapidava ternura anos passados. O corpo mudou, as rugas já traçam os seus sucos como traças que corroem madeira, mas minha cara-de-pau ainda se inspiram em esculturas e belezas. Não tenho mais a mesma voz e até o primeiro porre alcoólico já vivi, mas não é num gole de destilado que se destila a minha essência ou caráter, tampouco em meu justificar. Em meu corpo assino o meu mal e encontro com o meu bem da honestidade.
São as canções de infância que me fazem acalmar o espírito que nem agitado está, mas pior, adormece. As notas destas canções me lembram as notas de ensinamentos de vida que o meu pai me ensinou. E um novo rumo se acende. Esperança, a primeira que ressuscita!
Como podem os estúpidos dizer que o meu pai faleceu? Como posso eu, sendo filho dele, dar ouvidos aos tolos? Ainda mais tolo me pinto. Como pode morto está aquele que vive e respira orgânico através de mim e ainda outros dois mais?
Falar sobre vida e morte angustia e sufoca as pessoas, mas quem não morrerá? Para morrer, só basta está vivo/ E morreu fedeu, acabou! Ou se continua. Normal! Natural! Mas não é desta morte que estou falando, se bem que, paradoxalmente à tudo que outrora disse: Existe morte?
Me leva que quero ver o meu pai! Não, eu não quero morrer ou me suicidarei, pelo amor de Deus, eu tenho amor aos momentos e este me reserva esta vida. Então a viverei, sem sentenciá-la o fim. Eu apenas quero ver o meu pai e hoje eu vi. E ainda vivo! E descobri outra vez, que ele vive em mim!
Este não é um texto para ser bonito ou te fazer chorar, este é apenas um texto que escrevi pra mim e o leio em voz alta, para que a parte em mim que abriga o meu pai possa escutar e ele se emocionar através de minhas pupilas que se dilatarão para que seu amor se revele em lágrimas e estas toquem o meu rosto, lembrando do carinho que ele sempre fazia em mim... nas madrugadas tão frias como a noite de hoje.
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