sexta-feira, 13 de julho de 2012

FIM DE FESTA: Aquele do vestido nude

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas sempre me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia...
MIGUEL - E quantas Bia’s tinham ontem na festa, hein?
BIA - Converse com a minha mão. Se preferir com o meu dedo médio...
MIGUEL - Calma, Bia, pelo menos, você estará em todas as revistas hoje. Ou aparentemente em todas, né? Isto que dá comprar roupas de festas em lojas em liquidação. Bia, eram quatro mulheres usando o mesmo vestido que o teu. Como lidar?
BIA - Que ódio! Bregas!
MIGUEL – Oooo, você estava usando o mesmo vestido delas. Fica a dica!

(...)

Festa de premiação do cinema nacioal, salão cheio de celebridades, personalidades da arte,  toda mídia reunida, muitos flashes, risos e Bia, acompanhando a tendência do "invista pouco e arraze muito", em um belo vestido nude comprado nestas muitas franquias que imitam bom gosto nos shoppings da zona sul carioca. Resultado do investimento: ela que saiu arrasada!
... Também pudera, era o mínimo que poderia acontecer. Justiça divina! Nude? Porque usar nude? Uma mulher não deveria nunca usar uma roupa nude, parece estar nua sem estar. Nude e bege nunca estão em tendência. Mas em declínio...
Penso que uma mulher tem que ter muita desenvoltura e afirmação de sua personalidade ao cruzar num grande evento, com uma outra mulher, uma linda outra mulher, vestida com o mesmo vestido que o seu. Tapete vermelho. Muitos fotógrafos. Muitos mesmo. Luz. Câmera. A atual esposa de teu ex-marido. Corta. A atriz que ficou com o papel do último teste que você fez para a próxima novela. Corta. A cantora mais querida dos últimos tempos. Corta. Tomada sete, cena dois do filme “Como se fud* numa noite que era para ser íncrível?” Ação. Gravando!
Bia costuma ser sempre irritada e azeda, embora louca, ensandecida, mas desta vez tinha o odor de azedar até mesmo o meu doce e suave cheiro de Chanel Allure.

BIA – Jomi, pode ser sincero, estou em melhor forma do que ela, não estou?

Ela necessitava ouvir que era melhor que a mulher que agora desfilava soberanda como namorada de seu ex-marido. Seria ideal mentir? Que espécie de amigo eu sou? Cruel em dizer a verdade?... Não importa o quanto ridículo pareça um mulher, nunca diga que está gordinha, estranha ou inapropriada. Para perguntas como, "Como estou?" A resposta é sempre: Incrívelmente linda, meu amor. O que fez? Tem algo de diferente. Cortou os cabelos... Juro que não queria mentir pra Bia. Éramos amigos!

MIGUEL – Bia, é que vocês são muito diferentes. Tão diferentes que os vestidos nem parecem ser o mesmo.
BIA – Diferentes como? Define.

Mulher é um bicho muito bom, mas muito complicado... Menos quando está usando nude. Uma mulher de nude, de bege está te dizendo delicadamente: "Quer me comer? Coma. Mas estou de bege." Ela está dizendo que não está afim. O sinal está fechado. Calcinha bege é mais segura que cinturão de castidade... Elas nunca se sentem bem com os próprios corpos e sempre te colocam na indelicada situação de comentar o seu estado... Não tinha como dizer que estava bem. Uma mulher de soutien bege, por exemplo, é como um peito sem auréola. Mamar na vaca elas não querem... E se tentamos ser sutis e delicados... Você dorme no sofá...
Algo deixava o meu alambique ambulante feliz como um hiena. O fato de não serem apenas as duas que desfilavam a premiação com os mesmos vestidos, mas também a atriz Beatriz Penna e a cantora Paula Bernardes. Mas a Paula no último ano recebeu o prêmio da celebridade mais cafona. Eu poderia ter ficado sem lembrá-la deste pequeno detalhe, mas boca de balde como sou... Os homens têm disto. Sempre dizem que as mulheres são fofoqueiras e não sabem guardar segredos, mas há um leve diferença entre os sexos. As mulheres contam o que querem e escolhem contar. Já os homens não, na crença da tal madura experiência, sempre deixam escapulir algo indevido... A situação só piorou quando um jornalista bem inconveniente a veio parabenizá-la por conta do teste que havia feito para a próxima novela. Ele estava falando de uma outra Bia, a que realmente era Beatriz. Haja tequila e sex on the beach para curar a baixa auto-estima de Bia.

(...)

MIGUEL - Bia saiu uma matéria na net sobre a festa. E...
BIA - Não quero saber.
MIGUEL - Fala de você.
BIA - É mais de três parágrafo?
MIGUEL  - Na verdade cinco.
BIA - Leia pra mim.
MIGUIEL - Se liga no título, “Nem só de exclusividades vive o tapete vermelho do FestCine”...
BIA - Pára. Nem ouse continuar.
MIGUEL - É, passarinho que come pedra sabe o cu que tem. 
BIA - Eu vou limpar o cu deles com este vestido...
MIGUEL - Se o cu for grande você tem mais três vestidos para terminar o serviço.

... Não precisa se cobrar ser exclusiva com a gente. Pode simplesmente ser você. E incomodar as normalidades. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela da primeira vez". Não percam!!!


quinta-feira, 12 de julho de 2012

O HOMEM QUE AMEI: E que amei

Ele chegou e dissipou todas as sombras de frustração e medo que coloria em preto e branco o meu peito. Depois de fazer muitos planos eu esqueci até de meu nome e rasurei o meu sobrenome dos documentos de identificação. Dispensei as férias que havia dado ao meu coração e me empenhei novamente na labuta de amar. Até parece que estava tão desatualizada! Eu amei. Ele me amou. E o amor aconteceu. Mas já acabou!
Ele me amorou e eu o amorei também! Vivi em seus braços os mais fortes e apertados sentimentos e temperatura. O homem que amei se romanciou no homem que não esqueci. O homem que amei se fundiu entre os nódulos de naturalidades que descrevem os nossos dias e não resistiu aos avanços dos oceanos que seguem sem rumo inspirado pela lua que não nos ilumina. 
O homem que amei me conheceu de corpo, alma e espírito. Conheceu minhas dores, meus medos. O homem que amei amou os meus calos, o meu bico-de-papagaio, os refluxos e até mesmo o joanete que me perturba a caminhada. O homem que amei não amou o meu reflexo tingido em aquarela no espelho, ele apenas me amou e eu me entreguei como gota de chuva que se desprende das nuvens e toca viva o solo, maestrando o seu perfume que cantamos em nossas músicas. O homem que amei conheceu as palavras das canções que canto. E eu o cantei até a morte que nos separou.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O HOMEM QUE AMEI: E que não amei

Ele chegou e se insinuou como que se um simples olhar atraente pudesse provocar em minhas vértebras alguma desconexão desconfortável, mas o que conseguia distribuir em meu corpo eram arrepios e frios que ministravam um calor do qual eu gostava de sentir e pôr lenha para queimar. Ele queria me aquecer, mas eu queria incendiar o nosso motel.
Homens se gabam entre conversa e outra dos beijos, apertos e afins que conquistaram em noites passadas. Mulheres gargalham das mentiras que contaram para construção destas mesmas fantasias que os suplantam virilidade. Eu? Eu vivo! Eu consumo! Eu amo, mesmo sem amar!
Ele chegou e se dispiu em mínimos detalhes e estes realhavam o medo que ele estupidamente escondia entre um aperto e outro que ensaiava em meu corpo. Tapas que não tapavam o meu libido. Beijos que não beijavam o meu coração. Gozo!
Fico a me perguntar da importância de ter um parque de diversões se não sabemos administrar um brinquedo apenas. Admisnistração é tudo na vida, até mesmo as desiquilibradas! A minha arte estava em calar as sonoridades de amor que ele teimavam em produzir em seus lábios. Eu não buscava o seu amor tampouco cria nas declarações do mesmo. Eu queria sexo e ele se traduzia em antagonia ao amor. Era fogo. Era incêncio. Brinquei com fogo e não me queimei, me inundei em águas que sozinha não saberia produzir.

"Não perca amanhã... o quarto e último capítulo de nossa série em conto: "O Homem que amei e que amei"

terça-feira, 10 de julho de 2012

O HOMEM QUE AMEI: E que não amou

Ele chegou manso, calmo, delicado. Um gentil cavalheiro revelado entre lindos olhos verdes que iluminavam uma torre de 1,90m de puro morenos músculos e torneiros. Os seus cabelos eram tão negros quanto à cor que tingia o meu mundo que parava apenas só para ver o seu riso branco esboçado em carnudos e rosados lábios para mim. Quem não apaixonaria? Eu amei!
O homem que amei tinha a calorosidade de tocar o meu corpo frágil e imprimir em seus apertos as marcas de meus pelos que avolumavam erupções vulcânicas em suas digitais. Aqueles toques me tocavam a alma em melodia de qualquer pop sensual. Eu perdia o meu ar.  Eu perdia o meu tino. Eu perdia os meus achados de uma vida inteira que se representava insignificante ante si. Foi a primeira vez que eu morri! Morri em mortes pequenas, cada vez que parte de seu corpo penetrou as cavernas de minhas escuridões e medos que ofuscavam o desejo. Morri em morte pequenas, todas as vezes que parte de seu corpo endurecido por sua certeza de vontade revelou o seu inteiro que habitava em mim todos os dias. Morri em pequenas mortes ao som de grandes gemidos de dor e alegria. Morri e sepultei a mulher que nunca fui, mas abrigo encontrava em mim.
O homem que amei me beijava a boca como quem se lambuza de manga madura e doce, manga espada, suculenta, tropical! Foi nele que descobri o prazer do beijo, o encontro que se ansiava entre um oceano e outro e eu salivava ao cheiro de sua pele e suor que me comunicava fogo. Cheiro de homem! Cheiro de macho. E ele dizia me amar. Como renunciar tanto amor? Eu me entreguei!
Ele sabia a maneira simples e colossal de franzir os lados esquerdo e direito das extremidades de meus olhos, sabia corar minhas maças, sabia atropelar as minhas palavras ou mesmo silenciá-las. Ele sabia me saber e quando já me tinha como um livro lido e relido obrigatoriamente, o homem que amei deixou de me amar. Ele amou a sua torre e cerrou as suas portas pra mim. O farol que resplandecia em seus olhos se avermelhavam em mil pavor. Ele não já me possuía como antes, pois já exibia irônico a posse de mim. Ele de desapossou de meu amor, de minha paz, de minhas alegrias. O homem que amei me conjugou no passado. No pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito. Ele se aperfeiçoou de mim e eu perdi a graça de ser graciosa e desejada. E de graça me lancei aos teus braços a procura do mesmo abraço que outrora me aqueceu e os mesmos congelaram ainda mais o meu peito. Que aperto me gargalhou. Os seus lábios não sorriam pra mim nem pronunciava com mel o meu nome. Os seus lábios não mais me saboreava ou consumia. O rio secou. A sede inundou. E a morte nasceu. Eu me suicidei!


"Não perca amanhã... o terceiro capítulo de nossa série em conto: "O Homem que amei e não amei"

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O HOMEM QUE AMEI: E que me amou

Ele chegou tão inesperado quanto chuva de verão. Entre um sorriso e outras distrações me encontrei em seus braços tão firmes quanto o impacto de sua bota que demarcava os compassos de meu sarandeio. Ele chegou firme, certo, seguro e inevitavelmente me apaixonei.
Se eu tivesse o dom de sentenciar todos os meus desejos, eu sangraria os dedos dos músicos nos violões e foles, eles tocariam pra o som da eternidade aquele mesma melodia que embalava a minha dança mais nobre das que dancei em vida e inspirava executar em morte. Eu me perdia em seus braços que aqueciam ao mesmo tempo que queimava em mim todos os medos de me entregar e ser feliz. Eu o ofertei o meu tesouro, o meu bem, a minha pureza e me maculei entre sangue e gozo de pertencer a si e ser sua por inteira. Ele se apaixonou por mim.
Os seus olhos negros se iluminavam de ver verde que refletia em sua pele escura a alegria de ser e pertencer à vida e morte. Eu não temia o passado tampouco ressentia o futuro, eu me sucumbia me minhas próprias vontades de ser jovem, mulher que ama e é amada. O homem que amei esculpiu em meu corpo os traços das histórias que eu escondia entre um dom e outro de falar poesias estruturadas de belas rimas e musicalidades de valsas. O homem que amei sepultou em mim as marcas dos constrangimentos de conhecer eu mesma o paladar de minhas intenções e insinuações. Ele me revelou à mim e eu me apaixonei pela imagem que via refletida em sua pele que se hidratava de um suor seco, forte, impregnador. Eu me via em suas marcas, em suas curvas em saliências, eu me reconhecia tímida em sua musculatura que escondia os alicerces de meus tesouros e mesquinharia. O homem que amei me revelou o amor por mim e me libertou para o amor, assim como borboleta que rompe o hímen do casulo e se perde nas cores da primavera. Ele pintou de cores novas o meu mundo outrora branco e rosa.
Como pode fantasiar a nossa mente tamanha hipocrisia em relação ao amor? Eu escrevia em meu diário relatos de expectativas e sonhos que se frustraram ao encontro do real e tangível sabor de seu beijo. O amor que me oferecia tinha o dom de desmitificar os paradigmas e calar as revoltas de meu peito. E nem todos compreendeu o nosso amor. Mas estaria nas concepções vizinhas o legitimar de minha paixão e entrega? Leviana ou não me embriaguei deste vinho que me oferecia juventude e perversidade dionisíaca. O homem que eu amei não tinha clima para apolíneos contornos, ele tinha por sacerdócio o ministério de ser revolução e minha vida desestruturou. O homem que amei e que me amou se diluiu entre o meu sangue que se recuperou da hemorragia de sucos de uva que adoçou as minhas palavras e queimando levemente pela garganta, aqueceu o meu coração e anestesiou a mente e intelecto. O homem que amei era tinto, seco e envelhecido. Era nobre!

"Não perca amanhã... o segundo capítulo de nossa série em conto: "O Homem que amei e não amou"

sexta-feira, 6 de julho de 2012

FIM DE FESTA: Aquela do tal beijo

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas teimam em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia...
MIGUEL - Mas é Bia mesmo ou Bio?
BIA - Olha, Miguel se for pra você ficar tirando sarro com a minha cara, é...
MIGUEL - Hei, calma! Estava apenas brincando.
BIA - Dispenso brincadeiras. E tem mais, eu fui muito mais homem que você. Pelo menos tive a coragem de fazer o que queria e tu?
MIGUEL - Sim, você foi mais homem mesmo... E fez a festa!

(...)

E da costela do homem Adão criou Deus a mulher. Não poderia ter criado à partir do coração? De certo, há muito mais coisa entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Dizem os físicos que os opostos se atraem e os semelhantes se repulsam. Equilibração ou estúpidas pegadinhas que nos propõe a vida? Acho que tem muita gente tentando entender o amor. Possível?
Disfarço e olho um casal perto do bar. Que semelhança vejo entre os dois? Ou, que oposição? O fato de ser um homem e o outro, uma mulher, explica esta agarração toda? Sem puritanismos ou condenações. A gente se diverge muito e intensamente dentro de nós mesmos. Vivemos uma dicotomia de valores, desejos e desapegos... Acho que vou casar comigo mesmo e minhas diferenças. Haja terapia!
Uma das melhores coisas em frequentar uma área de fumante, além de perfumar, é claro, a roupa, o cabelo e o espírito de nicotina, é a possibilidade mais certeira de se fazer novos relacionamentos. Acho que estas áreas deveriam se chamar “zona franca de azaração certeira”. Grande, né? Mas faz sentido. Tudo muito intenso!
Pedir um isqueiro emprestado, na desculpa de não ter trazido o seu ou esqueceu com a amiga, sempre funciona. A pessoa te empresta o isqueiro e geralmente se dedica a degustar o belo cigarro na tua companhia. Neste momento precisa-se ser muito rápido e agilizar no prosseguir da conversa. Sem ser indelicado, claro.

BIA – Jomi, me empresta o teu isqueiro ae...
MIGUEL – Isqueiro? Não Bia, o isqueiro ficou com você.
BIA – Não. Eu te entreguei.
MIGUEL – Bia...
BIA – Vai, pega ae, no bolso esquerdo de tua calça.
MIGUEL – Bia...
BIA – Afff, Miguel. Que lerdeza! Me dê este isqueiro aqui. Obrigado! Agora, vai. Beija, com gostinho de cigarro é bem melhor!

Juro que nesta hora tudo o que eu mais queria ter era uma bomba-relógio pra trancafiar naquela boca de balde. Poderia ela ser um pouco mais indelicada? Acabou com a minha cena e pra piorar... Isto depende do ângulo observado. Tudo estava melhorando pra você, mas... É isto mesmo. O meu flerte não havia funcionado. Aquela filha da puta que eu achei que estava de olho em mim, estava, na realidade, me usando como um cavalo para chegar até a Bia. Pangaré dos infernos! E nem foi preciso muitas salivas para convencer a Bia a viver uma nova experimentação afetiva. E fui eu quem saí afetado... 
... Um dos maiores fetiches masculino é ver duas mulheres se pegarem e um sonho, poder participar da diversão... Mas era a Bia. Não rolava. Se pelo menos fossem duas mulheres desconhecidas. Não, definitivamente eu não poderia participar. E ainda havia sido trocado pelo alambique ambulante. Qual será o meu problema com as mulheres? Mas é vendo cenas como estas que fico a pensar neste cliché de homem e mulher, ou oposições que se atraem. Se somos diferentes em nós mesmos e mutantes em processo, por que contemplar no sexo a definições de minha escolha? Somos muito homens e mulheres dentre de nós... Acho que Deus deve ficar bem entristecido com as limitações que temos nos proposto como humanos. Limitar ou castrar a natural liberdade de sua obra também deveria ser pecado... Aquele tal beijo me feriu o ego, normal, homens tem desta estupidez, mas paradoxalmente me alegrou a alma, é bom saber que fora de nós existe um mundo muito rico e colorido a espera de ser explorado. Desbravemo-lo!

(...)

BIA - Jomi, a vida é muito curta pra ficar projetando muitos pensamentos. O lema é: se joga!
MIGUEL - Sim, eu vou te jogar apartamento abaixo daqui a pouco.
BIA - Você está puto por que não pegou a menina? Qualquer homem daria tudo pra nos ver nos beijando. Alimenta a inspiração, sabe? Você perde muito tempo! Eu fiz isto por você!
MIGUEL - Oooou, vai dormir com os porcos!
BIA - Só com as leitoa, querido! Beijo no ombro!
MIGUEL - Bia, você é gay?
BIA - Rótulos!
MIGUEL - Não, entendimentos e organização.
BIA - Sou de pessoas. Na multiplicação, mais com mais dá mais, menos com menos dá mais e menos com mais, menos. Bem, acho que saquei o sentido da positivação. Se joga, Jomi!

... Não precisa ser mais ou menos com a gente. Pode ser simplesmente você. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida, somando ou subtraindo... e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do vestido nude". Não percam!!!

Este texto é de Valdemy: Ensaio sobre a morte de meu pai

Culto dominical - 1991
Em meio a tantos turbilhões de acontecimentos e novidades, sinto-me por vezes perdidos diante os focos e anseios de meu coração. Me apresento forte e decidido para as pessoas que me rotulam, claro, fomentadas pelas palavras que assino sobre o meu corpo e olhar, porém sou tão menino e sensível como aquele Cristo que se apresenta na cruz e confia ao pai os seus temores. Cristo também temeu e mesmo assim não acovardou em dores o amargo do cálice. Cristo, nem mesmo ele, foi por todos amados ou produto de tendência de alta costura. Quisá eu! (risos)
Eu sinto que preciso parar o meu mundo que gira em voracidade e me apresentar franco e destemido à mim. Sem medo de ser feliz! Livre! Livre de mim!
Oh, meu Deus, se eu pudesse dar vazão aos meus cara-miolos que me humaniza! Mas tememos as naturalidades. Transcender pode ser mais atrativo e justificador dos medos. Sem julgamentos, me diga: O que atrairia Deus ao homem senão a peculiaridade em ser humano? Deus tem os anjos cantarolando Sua majestade pela eternidade, não seria outro anjo que ele procuraria em mim. E eu nem sei cantar!
Eu me deparo comigo nesta madrugada e me felicito por ver em meus olhos, o mesmo amor que lapidava ternura anos passados. O corpo mudou, as rugas já traçam os seus sucos como traças que corroem madeira, mas minha cara-de-pau ainda se inspiram em esculturas e belezas. Não tenho mais a mesma voz e até o primeiro porre alcoólico já vivi, mas não é num gole de destilado que se destila a minha essência ou caráter, tampouco em meu justificar. Em meu corpo assino o meu mal e encontro com o meu bem da honestidade.
São as canções de infância que me fazem acalmar o espírito que nem agitado está, mas pior, adormece. As notas destas canções me lembram as notas de ensinamentos de vida que o meu pai me ensinou. E um novo rumo se acende. Esperança, a primeira que ressuscita!
Como podem os estúpidos dizer que o meu pai faleceu? Como posso eu, sendo filho dele, dar ouvidos aos tolos? Ainda mais tolo me pinto. Como pode morto está aquele que vive e respira orgânico através de mim e ainda outros dois mais?  
Falar sobre vida e morte angustia e sufoca as pessoas, mas quem não morrerá? Para morrer, só basta está vivo/ E morreu fedeu, acabou! Ou se continua. Normal! Natural! Mas não é desta morte que estou falando, se bem que, paradoxalmente à tudo que outrora disse: Existe morte?
Me leva que quero ver o meu pai! Não, eu não quero morrer ou me suicidarei, pelo amor de Deus, eu tenho amor aos momentos e este me reserva esta vida. Então a viverei, sem sentenciá-la o fim. Eu apenas quero ver o meu pai e hoje eu vi. E ainda vivo! E descobri outra vez, que ele vive em mim!
Este não é um texto para ser bonito ou te fazer chorar, este é apenas um texto que escrevi pra mim e o leio em voz alta, para que a parte em mim que abriga o meu pai possa escutar e ele se emocionar através de minhas pupilas que se dilatarão para que seu amor se revele em lágrimas e estas toquem o meu rosto, lembrando do carinho que ele sempre fazia em mim... nas madrugadas tão frias como a noite de hoje.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nojo

Sinto febre
Sinto fome
Sinto fogo
E não tenho tuas mãos sobre mim

Sinto carne
Sinto pele
Sinto osso
E não tenho tuas mãos sobre mim

Sinto verme
Sinto ele
Sinto insosso
E  tenho o teu corpo sobre mim

terça-feira, 3 de julho de 2012

Carta aos fofoqueiros

Com todo o respeito e educação
A tua mãe vai bem?
O teu caráter já se recuperou do último tombo?
Está calejado e nem já dói mais
Compreendo
E tua mácula estampada no rosto?
E a cegueira que te paralisa?
Conta aí, você que gosta de cantar as histórias
Como é está o teu sorriso amarelado?
Oh, chupa sangue de pescoço,
E tua falta de paz?
Já experimentou aquele doce de viver tua vida?
Já provou o amargo sabor de teu veneno?
Algumas pessoas se acham
Outras já se encontraram
Entendo isto te incomodar
Você que nunca que nunca se encontrou alguém
Peçonha que definha vidas
Mas por que não sai a caça de tua procura?
Oh, cobra que rasteja em astúcia
Não há mapa nem receita
Mas quem sabe uma vida mais intrigante que a minha
Você ainda não contou de tuas traves, nem de teus telhados novos
Ainda não me disse se o rabo cresceu ou mingou
Oh, falso amigo é sempre um desprazer te encontrar
E sempre uma ansiedade te ver cair
Sem maldades, quero que as sementes que semeia
Germinem e te felicite frutos
E que os mesmos se abasteçam de si
Quando voltares, avise
E então a rua atravessarei
Me sufoca respirar o teu ar
Enfim, tenho uma vida pra viver
Por favor, não me perturbe mais
Passar mal, bem mal
Beijos hipócritas no ombro