Carta amarela
Fotografia amassada na gaveta
Papéis de balas, bombons e figurinhas
De repente o desamor me aplacou
Roubou o meu ar como engasgos nas veias
Bambiei os pés no chão
Bombiei oxigênios pra antigos suspirar
Gambiei minhas sinapses de tranquilidade
Nada ficou no lugar
Tudo deu lugar ao que em alguns segundos não era nada
Nadei feito peixe fora d'água em meu mar
Marejei os meus olhos e olhei sua sombra
Ela sorriu pra mim
Assim como sorriam os teus dedos quando me tocavam
Mas são outros esqueletos hoje o seu piano
Fomos transformados pelos círculos de não-intercessão
Choramos por amor
Choramos por dor
Choro hoje por inodora lembrança
Passou o teu cheiro
Ficaram as fezes das traças
E delas se alimentam as tintas de tuas cartas
Só pra não descartar de minhas gavetas
Você
terça-feira, 28 de maio de 2013
domingo, 26 de maio de 2013
Outros anos e Ana
O ano passa... O ano fica... O ano inscreve simplicidades em meu coração. Como Ana...
Não era novidade pra ninguém. Todos sabiam o quanto ele era impulsivo e
teimoso. Não há melhor forma de descrevê-lo do que a inevitável comparação com
aquelas mulas desembestadas que empacam fronte aos morros onde sua força mais
se faz necessária. Ele já havia entendido que não podia adentar aquela sala,
mas ele precisava trocar umas palavras com deus. Assim justificava sua
arrogância.
Ele falou umas palavras ao guardião da chave da Sala do Trono. Ele corou
as maças do rosto. Sua mão dançou como serpente dócil, humanizada e sensível.
Destravou a porta de ouro maciço e no fundo do grande salão pode-se ver um
lindo branco reluzente, mesclado pelos tímidos lapsos de brilho que esculpiam o
rio de águas cristalinas que descia por detrás de um magistral trono. Sentado
sob o mármore que desenhava aquele poder, encontrava-se ele, deus, o Criador, O Todo-Poderoso... Ele O Rei dos Reis... Ele que não encontro predicativo para
definir a soberania. Este batia o seu pé direito no chão. Nunca imaginava que
deus sofresse de ansiedade. O pó de suas batidas desenhava nuvens que desciam
ao firmamento. O som destas batidas orquestrava o ruído do nascimento da vida.
Era tudo sublime. Era tudo colossal. Era tudo tudo. Mas uma vez me perdi nas
predicações.
O nosso tão destemido jovem, foi alçando em alternar de passos, o
encontro com o que poderia ser o seu fim. O menino que enfrentou a vida, venceu
a morte e desprotegeu os anjos que guardavam o palácio e destemidamente
desafinou os que cantavam hinos de exultação ao pai, se encontrou com o
soberano deus e como menino, criança, uma simples criatura diante ao criador
desenhou em sonoridades de simplicidade o que no criador produziu a mais bela
sinfonia: OBRIGADO POR ESCULPIR ANA LAURA MEIRELLES. Esta não foi a primeira vez
que deus chorou, mas foi uma das poucas que em milênios, que ele sorriu.
FELIZ ANIVERSÁRIO ESPOSA!!!
sábado, 25 de maio de 2013
Saudades do que não vi
Saudades de você que não vi ontem
Antes de ontem
Antes de antes de ontem
Quando foi que nos vimos?
Nos vimos?
Saudade salga minhas palavras
E eu nem tenho idade pra comer arroz
Consolo-me em chupetas afetivas
Peitos plásticos de outras mães
E quero o teu colo
Colo nas lembranças que fantasio
Memórias do que nem vivi
Nem vi
Nem sei
Só sei a companhia da saudade
Doce saudade com gosto de mel de abelha
Assim imaginei
Antes de ontem
Antes de antes de ontem
Quando foi que nos vimos?
Nos vimos?
Saudade salga minhas palavras
E eu nem tenho idade pra comer arroz
Consolo-me em chupetas afetivas
Peitos plásticos de outras mães
E quero o teu colo
Colo nas lembranças que fantasio
Memórias do que nem vivi
Nem vi
Nem sei
Só sei a companhia da saudade
Doce saudade com gosto de mel de abelha
Assim imaginei
Dê-me flores quando morrer de você
Eu estava falando de nós dois
Ainda tenho tempo para desenhar o meu peito?
Peito. Não seios.
Não sabes a diferença entre sentimentos e carne
Tanto que me tornei vegetariana
Apenas para não me alimentar de você
Os animais estão para serem dominados
E eu deveria ter te colocado numa coleira de couro
Ou aprisionado as minhas sensações coradas de vergonha
Deus? Que deus?
Deus não te protege das dores do coração
Na verdade é ele mesmo quem planta espinhos nas rosas
Só pra que te espetem a bravura
Só pra que despertem as delicadezas das pétalas
E foi ele quem as pintou
Você não pode aprender com elas
E os espinhos não te calejaram os dedos que me acariciam
Não me lê
Não me cheira a mente
Apenas as transpirações da pele
Só pra que você tenha histórias de sangue pra me contar
Por que não se deixou espetar?
Teus fluxos estão por completo comprometidos com teus contos
Conte-me outra, por favor de teu deus
Oxalá, você conseguisse se ver
Quem me dera minhas lágrimas pudessem refletir teus ais
Quanto tempo leva um homem para virar homem?
Quantos homens levam os homens para virar o tempo?
E o teu-nosso tempo acabou
Só falta vir o deus para as flores jogar sobre teu peito
E te cobri da beleza que sempre buscou
E se perdeu
Vá em paz
Vá sem sangue
Vá com deus
Ainda tenho tempo para desenhar o meu peito?
Peito. Não seios.
Não sabes a diferença entre sentimentos e carne
Tanto que me tornei vegetariana
Apenas para não me alimentar de você
Os animais estão para serem dominados
E eu deveria ter te colocado numa coleira de couro
Ou aprisionado as minhas sensações coradas de vergonha
Deus? Que deus?
Deus não te protege das dores do coração
Na verdade é ele mesmo quem planta espinhos nas rosas
Só pra que te espetem a bravura
Só pra que despertem as delicadezas das pétalas
E foi ele quem as pintou
Você não pode aprender com elas
E os espinhos não te calejaram os dedos que me acariciam
Não me lê
Não me cheira a mente
Apenas as transpirações da pele
Só pra que você tenha histórias de sangue pra me contar
Por que não se deixou espetar?
Teus fluxos estão por completo comprometidos com teus contos
Conte-me outra, por favor de teu deus
Oxalá, você conseguisse se ver
Quem me dera minhas lágrimas pudessem refletir teus ais
Quanto tempo leva um homem para virar homem?
Quantos homens levam os homens para virar o tempo?
E o teu-nosso tempo acabou
Só falta vir o deus para as flores jogar sobre teu peito
E te cobri da beleza que sempre buscou
E se perdeu
Vá em paz
Vá sem sangue
Vá com deus
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Me coma até que eu fique de coma
Me chame
Me ateei fogo nos lençóis
Chame a minha carne como sacrifício ao teu deus
Mas me coma
Deixe-me transtornada, sequelada, em traumatismos
Leve-me ao coma induzido
Me instrua onde devo ir e te deverei com gosto
Com gozo inflame as minhas cicatrizes recentes
Recinta em minha pela as mesmas dores
Não importa os circulares dos ponteiros das terapias
Me reviva
Me aviva
Me avisa que o prazer está chegando para que eu faça as pazes comigo
Me encha de me através de teu ti
Me dê tiuti
Tiutis
Nós
Enrolos eu e tu
Em rolos que na cama percorrerá de um canto ao outro
Com o outro que me corre e descobre
Me acame e canse
E então descanse pra voltar amanhã
Me ateei fogo nos lençóis
Chame a minha carne como sacrifício ao teu deus
Mas me coma
Deixe-me transtornada, sequelada, em traumatismos
Leve-me ao coma induzido
Me instrua onde devo ir e te deverei com gosto
Com gozo inflame as minhas cicatrizes recentes
Recinta em minha pela as mesmas dores
Não importa os circulares dos ponteiros das terapias
Me reviva
Me aviva
Me avisa que o prazer está chegando para que eu faça as pazes comigo
Me encha de me através de teu ti
Me dê tiuti
Tiutis
Nós
Enrolos eu e tu
Em rolos que na cama percorrerá de um canto ao outro
Com o outro que me corre e descobre
Me acame e canse
E então descanse pra voltar amanhã
terça-feira, 21 de maio de 2013
De clara ação obscura
Não sei. Difícil pensar em palavras quando se pensa em tudo o que não disse, ou no que meus olhos negaram distraidamente. Mais uma vez os aços do elevador abaixou as esperanças que avolumavam minha calça. Adeus. Tchau. Até o logo se resolver em matemáticas de estudante tímido de português.
Estava pensando em você agorinha. Juro. E não dividi com você a minha ideia.
Que ideia esta minha? Pensar em não pensar os pensamentos que pensamo sem pensar. Penso tanto que nem penso que deveria dizer o indizível. Simplesmente pelo jargão do medo. Perdi o medo de idealizar. Agora já nem sei me apaixonar. Confuso.
Não sei. Nunca sei saber. Normal.
Como eu queria chorar. Sabe aqueles dias em que a lágrima arranha os teus olhos, movimenta os quadris da visão clamando por vir a existência? Se inspiram em dar luz aos meus não-ditos declarados. A falta do que dizer tatuou as suas pegadas no corredor de minha, nossa, casa. Hoje habitada pelo perfume de teu banho de sal. Lavei os meus cômodos com o seu sal de banho. Banho de sal. Ritual espiritual. Coração agridoce.
Não se perca por mim. Por mim não se acha. Se perca em ti. Não se prenda à mim. Não trago paz. Trago a paz e a vomito em fumaças que alimentam o paladar dos deuses. Pensamentos que consomem as desumanidades humanas. AH, se ele viesse se sentir meus pensamentos. Não queira nem pensar como seria. De verdade saber saber. E quem soube? O quem subir por entre as ruas do jardim e se disfarçou de Barbie e se sentiu feliz. E não foi.
Me disseram o que o melhor é pensar no que será. O sereno serenamente que o diga ao raiar o sol. Somente pra pensar em dizer.
Não sei. Curta a vida? Curta vida e longos pensamentos de não saber. Viver. Não digo que... Nada digo, já disse. Vivo em simbioses de clara ação obscura. Entende? Tudo se expressa em confusas omissões, mas juro que dava pra você saber. O que não é inteiro se vê no que digo sem pensar. E nossa casa nem pensou. Doce sal.
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Amor de WhatsApp
Bata a porta ao sair. O nosso bate-papo já não se bate. Indisponível.
Talvez esteja a almoçar, dormir ou quem sabe tecendo outro chat com outra disponibilidade que te gozo e não te goza.
I'm using as tuas inutilidades. Estou fazendo milagres nesta comunicação que não expressa minha linguagem. Falo e não sou tocado. Grito e não sou lido. Sou apenas visualizações. Teus olhos não tem tempo pra meus contornos, simplesmente por que vives em torno de si.
Ah, se você tocasse a tela de minha costela e escrevesse para o espaço suas intenções! Ah, se você me enviasse por além de teus dedos e me esquentasse em tua mão! Ah, se você me respondesse.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Só tenho medo de que a mudança me mude
Johnny também não está em casa. Ninguém está. Todos saíram cedo e ainda não voltaram. Eu sigo dando voltas e revoltas em torno de mim.
Se tem comida na geladeira. Ela está cheia. Deixaram tudo congelado, inclusive a minha respiração. Os meus pés estão frios. A minha boca ressecada, parece terra fendida do sertão. Minhas palavras estão secas.
Eles deixaram um recado antes de sair. Colaram-o na geladeira. Mas não sei que diziam. Não sei ler no idioma que eles falam. Gritam. Cantam. Talvez fosse apenas um lembrete de algo que eu deveria fazer ou alguma encomenda que está pra chegar num destes dias. Não é nada pra mim. Nunca é.
Eles não consertaram o vazamento da pia do banheiro. Ela continua chorando. Chorando. Chorando. Ontem ela se cansou. Parou. Isto foi por apenas alguns segundos. Preferi deixá-la só. Questão de respeito. Mas pedi pra Iemanjá represar as águas de sua alma. Mas ela também estava ocupada. Saiu pra caminhar pela orla. Estava cansada do sol perturbando sua face.
Eu não tenho medo do escuro. E ontem nem teve trovão. Só tenho medo de que a mudança me mude. E então eu fique mudo. E então eu fique Johnny.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Cara de cu
E então me sorriu com rugas de orifício rugoso
Tal que desconhecia o gozo de ser feliz
E se arquiteta em armações de arames lisos
Tal que escorrega fino, delicado
Tinha vontade em seus olhos
Todavia não tinha olhos em suas vontades
Vivia na vontade de se experimentar livre
E se perdia entre os vícios cotidianos
Nas artificialidades de Ades
Ou constantes overdoses de sucos verdes
Eu sorria, fumava
Articulava minhas pulsações num coração mal-formado
Chorava arrependido das escolhas informadas
Ingênuas
Irritantes
Ele nesta altura do campeonato solipsista gargalhava
Debochada das fraquezas de meus argumentos
Desbotava os traços do cu que desenhara na cara ao amanhecer
Dançava passos perestálticos em minha cara
Sem privada
Sem descarga
Carregada me privei de respirar o fetum
Quando for ao banheiro,
Pelo menos feche a porta
Tal que desconhecia o gozo de ser feliz
E se arquiteta em armações de arames lisos
Tal que escorrega fino, delicado
Tinha vontade em seus olhos
Todavia não tinha olhos em suas vontades
Vivia na vontade de se experimentar livre
E se perdia entre os vícios cotidianos
Nas artificialidades de Ades
Ou constantes overdoses de sucos verdes
Eu sorria, fumava
Articulava minhas pulsações num coração mal-formado
Chorava arrependido das escolhas informadas
Ingênuas
Irritantes
Ele nesta altura do campeonato solipsista gargalhava
Debochada das fraquezas de meus argumentos
Desbotava os traços do cu que desenhara na cara ao amanhecer
Dançava passos perestálticos em minha cara
Sem privada
Sem descarga
Carregada me privei de respirar o fetum
Quando for ao banheiro,
Pelo menos feche a porta
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Quando o amor não é pra nós
Não há amor para nós
O que há é apenas nós em solidão
E o amor se conjuga em singular pluralidades
Sem julgamentos de bom português
Apenas línguas soltas, amarradas, livres
O amor se ama
E nem fizemos o amor
Nos comprometemos sem compromisso
Omissos juramentos nos presenteamos
O amor realmente não era pra nós
Não, amor, não se desculpes
Não há amor
Como também não há culpa
Que culpa temos nós de não amar?
Deste pecado não podem nos condenar
Dispensa a a educação
Despes-te das mentiras adocicadas
Seja branco, pelo amor de deus
O que há é apenas nós em solidão
E o amor se conjuga em singular pluralidades
Sem julgamentos de bom português
Apenas línguas soltas, amarradas, livres
O amor se ama
E nem fizemos o amor
Nos comprometemos sem compromisso
Omissos juramentos nos presenteamos
O amor realmente não era pra nós
Não, amor, não se desculpes
Não há amor
Como também não há culpa
Que culpa temos nós de não amar?
Deste pecado não podem nos condenar
Dispensa a a educação
Despes-te das mentiras adocicadas
Seja branco, pelo amor de deus
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Comum e normal
ela é branca
é neve
e eu sou chocolate
ela é verde
é azul
e sou castanho
ela é colorida
e eu sou todas as cores
ela é um
eu sou um
somos um mais uma pequena
somos grandes
somos pequenos
tantos e nem somos
brincamos
sorrimos
cantamos
dançamos
pintamos o sete no zero e dois
aloprados
sinceros
família
apoio e suporte de porte
de pote cheio, sacudido e transbordante
de amor
de irmão
de irmã
de princesa
de escolha
de mãe
de beijo
e choro
silêncio
e gargalhadas finas e descompassadas
que não passam, ficam
fincam carinhos no peito
do peito
do alto, falante
do infinito castelo
com palavrinhas mágicas
conto
encontro encantado
em cantado amor
gritado
revelado
tatuado
no branco
no verde
no chocolate
no castanho
nu
puro
simples
normal e comum
adriana
gabriela
e val
e alicinha
*Dedicado INsanamente à Gabriela, Adriana e Alice.
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