Ao me ver passar não olhe os meus rastros
Meus caminhos não são seguimentos para covardia
Quando virar minhas costas não pronuncie o meu nome
Minha presença não é lixo para alimentar tuas iras
Não cole em mim
Por que dentro de meu estômago há um mundo de trabalhos mal feitos
Que me alimentam, sustentam, tornam homem de carne e osso
Que costuram em torno aos corpos os pecados maestrais
Não sou santo de pau oco
Tenho vida escondida por detrás desta santidade
Não sou sepulcro caiado
Sou sujeira que se banha para viver
Não sou puro, nem imundo
Sou eventualidades
Sou processo que processa sentimentos
Gases que implodem estúpidas convenções
E espalham no ar o colorido do medo da vida
Sou nobre e franca honestidade
Sem cera, sincero, negro
Sou filho de deus e nele encontro minhas tristezas
E são delas que se animam minhas pernas
E percorrem o mundo virgem
Que sangram com a penetração de meu pé
Sou aquele que destrói
Sou aquele que modifica
Sou daquele que não tem dono
Mais livre que o ar que falta em meu pulmão
Eu sou gente, sou humano
Sou aquele acerto que deu errado
Sou estes olhos que me lêem torto
Por cima dos ombros caídos
Estas bocas que me pronuncia cheia de salivas de condenação
Sou estes ouvidos que se constrangem ao reconhecer a própria voz
Anjo esculpido por deus e habitado em terras demoníacas
Prazer em se reconhecer?
Nenhum comentário:
Postar um comentário