quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Num Carnaval

Assim com roncos de trovoadas deus feriu o céu o soprou na terra confusão e temor entre os seus, ao ouvir rumores de profanações sobre o carnaval. Numa ira tamanha de um deus, permitiu uma lágrima digna rolar entre suas nuvens ao reconhecer que havia falhado em seus filhos o carinho da sensibilidade de apenas contemplar toda a sua criação. Toda!
Mas não é de choro que se faz uma festa e ele acabou logo de gargalhar e fez chover dos céus purpurinas e serpentinas que trançavam de colorido o imaginário de crianças grandes que trataram ágil de saírem de casa e permitir pelo menos por quatro dias uma alegria informe e carnal invadir seus polos e traduzir em homens que desengonçadamente desfilava de mulher e mulher soberana se imaginava homem. Deus é muito sacado, e já arquitetara, nem que fosse em apenas um por cento dos dias do ano, homem saberia a dor de ser mulher em saltos e maquiagens e vice-versa, e isto produziria amor, muito amor.
De fantasias que camuflavam as mentiras que nos contamos o ano todo se costurou a minha memória de lembranças e infâncias. Eu era atropelado por crianças que corriam e floriam as avenidas em blocos de concretos maleáveis de risos que construíam minha única sensação única de felicidade. Soltem as notas das marchinhas e me deixem caminhar ao som de ser feliz e cantar a sorte.
Chega até ser engraçado algumas lembranças que sambam em minha mente. Umas tem tom de secreto, de sigilo, mas os gostos ecoará em minha saliva como samba enredo decorado a ferro e fogo. Há outras tais que me calam, que me param, que me gozam!
Foram dias de festas, de crenças, de amigos e alguns outros tumultos que maquinavam paralisar festejar e eu vi corpos assinando encontros que não falavam deste mesmo amor ou atmosfera. Possuídos pela sobriedade impertinente à festas, arranharam a alegria de alguns, por alguns instantes. Amedrontaram a segurança de alguns, por alguns instantes. E por muitos instantes inglórios produziram em minha retina o desagrado de ver menina de poucos anos ser lançadas como pedra, melhor, lixo discrepante do rebanho. Sem contar a história do menino que na pele do rosto sentiu de ser ultrajado pela força de quem deveria produzir segurança e paz. O ao menos assegurá-la. Neste instante fiquei à me questionar: será que os anjos da guarda haviam tirado férias para descanso nestes dias. Pois quem guarda estava armado e calibrado pra espancar. Deus poderia ter lhes ensinado, em treinamento, que eram as pessoas o mais importante da festa. Aquela lembrança também me povoou, o riso que em minutos passado eu vira, eram fluxos de lágrimas tingidas de rubro, e não era de paixão de carnaval, mas de desencontros de festejos. Minutos se seguiram eme pus a cantar a alegria outra vez e contar coisas bonitas. Sambei, sambei, sambei e quem sambou do compasso foi a tristeza e o penar.
Ah, como era belo o Carnaval e suas contos de amor que desenhava infância a todos os cantos! Como era lindo ver todo mundo se apaixonar e aproximar da fantasia. Quando eu crescer, quero ser igualzinho a deus e quem sabe, eu não faça dos outros 361 dias do ano também Carnaval.

3 comentários:

  1. Eu fico chocada é com o fato da sua mente funcionar tao bem já na quarta de cinzas, rs. Pra variar, arrasou!

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    1. AKkakakakakakak... amo estar com vc! Obg pelo carinho constante!

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