No ventre de Maria, nasceu o som do tambor,
ecoando na escuridão, um prenúncio de amor.
O céu estrelado, um manto de ébano, brilhou,
como os olhos de um povo que sempre lutou.
Nos braços de Maria, negra como o barro da vida,
o Menino chegou, trazendo a alma rendida.
José, com mãos calejadas, ergueu o olhar,
viu na palha o Salvador, pronto para libertar.
Os Reis Magos vieram, passos firmes na areia,
da África, trouxeram ouro, mirra e a ceia.
Guiados por um cometa que cortava o breu,
testemunharam o brilho do Menino de Deus.
Em volta do estábulo, dançou a capoeira,
os anjos cantavam em roda, na noite inteira.
Ali, no quilombo celeste, nasceu a esperança,
um Cristo menino que herda a herança.
A pele negra de Maria refletia a história,
de um povo que resiste, que guarda a memória.
E no rosto do Menino, um sorriso surgiu,
prenúncio de um mundo que ainda há de vir.
Que o Natal seja sempre um nascer de verdade,
um convite à justiça, um grito por liberdade.
Que o Menino da palha nos ensine a amar,
a lutar, a viver, e a não mais calar
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