quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Atlântico

no sabor amargo da dor

descobri o caminho de volta

às origens do meu real valor

a verdade que o peito revolta

 

no veneno adoçado nos lábios

sucumbi ao que o branco contou

nevoeiro em pensamentos sábios

do meu povo, agora escuto o clamor

 

capturados feito peça

de valor e desvalorizado

acorrentados feito fera

todo ardor amordaçado

 

nos porões ecoa o frio

no odor calado o cântico

grandes reinos por um fio

desposado no Atlântico

 

mas no ventre da mãe terra

cresce a força que não cala

a herança da luta que aterra

no grito negro a alma exala

 

o grão semeado na dor

floresce com força e cor

aflora a raiz da ancestralidade

desperta na liberdade a verdade

 

sou filho do sol e da noite estrelada

a minha pele, a história contada

na chama que queima não apaga

o negro ressurge e nada nas águas

 

não sou sombra nem eco distante

sou o futuro, presente vibrante

na dança do tempo, minha revolução

o império negro renasce a nação

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