terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A pequena morte da borboleta negra

A borboleta que veio trazer as boas novas pra mim já alçou o seu voo
Com tempo tudo naturalmente torna a sua fórmula
E os desencontros formulam as preces
A borboleta que veio espanar as minhas poeiras se perpetuou de despedidas
Borboleta negra
Inseto incestuoso
Sensações de derrota
Você pode beijar cem bocas num amanhecer
Pode transar dez corpos numa tarde
E sequer ter o coração fragilizado
O teu coração pode nunca beijar as mesmas mãos que o prende
A borboleta vem e vai quebrando o silêncio deste quarto
Onde apenas a melodia dos roncos dos carros na avenida comparece
A borboleta faz aparecer as minhas folhas secas
Tão necessitadas de água como a minha saliva amarga
Minhas hortelãs não disfarçam meu hálito
E eu transo com o mundo para preenche a minha multidão
Assim como a sávia, lichia ou manjericão também me equilibro em busca do sol
Mas eu caio, vacilo e não me vacinaram meus pais
A borboleta se fantasia de lagarta num carnaval que dura o ano inteiro
Mas minha fantasia está dura demais para mim
E de repente a borboleta cai
O pó se espalha sobre meu ombro
E eu saboreio o gosto de gozar sem querer
Nem sempre o sexo é à dois ou à três

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