A minha longa vida sempre foi marcada por questionamentos e dúvidas em relação aos mais variados assuntos. Já cheguei à graça do entendimento de saber que somos como seres humanos, pessoas sugestionadas à mutação, mudança de mente e hábitos, mas ainda sim, me encontro por horas no lugar de Zequinha, aquela criança-adolescente do seriado brasileiro, Castelo Rá-tim-bum, que entre muitos por quês desenhava as assimetrias que produziam lacunas em sua cognição, mas por que? Por que? E sempre um adulto sábio e experiente retrucava impaciente -Por que sim.- Mas por que sim, não é resposta.
Estou rindo sozinho aqui, só pensando no mundo de perguntas que já fiz ao meu pai, rs! A mais comum, aquela que todas as crianças fazem foi: Mas como eu fui feito? Como eu nasci? A resposta veio com toda maior tranquilidade e sutileza: Ah, para te fazer papai teve que se deitar com a tua mãe... Resultado, nunca mais permitir uma pessoa se deitar ao meu lado. Não sou normal, eu cresci também pensando que beijo na boca engravidava, sim, é estúpido, eu sei, mas naquela época eu não sabia, embora discrepantemente nunca tenha acreditado no Papai Noel.
Tantas coisas que nos ensinam e nos modelam de acordo à valores e pretensões que somente à estes mesmos paradigmas competem interesse. Mas então vem a vida e suas experiências e nos permite um pingo em alguns "i's" desenhar e um leve sentimento de liberdade nos ocorrer, mas o conhecimento nos aprisiona em nós mesmos, nos antissociabiliza e nem sempre podemos voltar à trás.
Religião? Eis um assunto do qual nunca encontrarei respostas. Francamente me remete o entendimento de ser a maior estupidez criada pela espécie humana. O que nos religa a religião? Ela só nos segrega e afasta. E eu não falo apenas em relação ao próximo, mas tomo como partida de meu próprio eu. Como posso amar ao meu próximo como à mim mesmo se o meu eu deve ser morto a cada dia como princípio de efetivamente seguir um credo? Credo em cruz! Estaria ai uma boa justificativa para uma chacina, eu mato você assim como eu mato à mim mesmo. Não acompanho!
Há uns anos atrás um adolescente me procurou pra conversar. Tinha completado suas quinze primaveras e sentia desesperadamente os seus hormônios pulsarem salientes em seu sangue. Um abraço era suficiente para sentir um Everest rugir em meio seus sustentáculos de locomoção, ou em metáfora mais adequada, sentia um Mauna Loa cuspir feroz e descontrolado suas lavas por entre sua cueca apertada.
E era exatamente sobre os vulcões que ele queria conversar. Como controlá-los? Em que pensar? O coitado havia sido orientado por uma pessoal liderança religiosa à correr, isto correr, running, jogging, cada vez que sentisse o tremor de suas placas tectônicas se chocarem, mas chocado fiquei eu ao saber que em pleno século XXI provocar e descobrir minhas erupções solitárias era pecado. -Deus criou o sexo para o homem e para a mulher e não para o prazer solitário.- Meu Deus, mas se eu não conhecer o meu prazer, como permitirei o meu próximo se encontrar comigo em momentos de prazer e volúpias? Não deveria ser aplicado ai o ao próximo como a si mesmo? Está na hora de deixarmos de abraçar o cadáver de uma cultura de fé e cultivá-la numa nova perspectiva.A de diálogo.
Este menino cresceu e hoje aos seus dezessete anos e em vida vulcânica ativa se condena amargurado por macular suas mãos perante deus. Na verdade ele ainda não desbravou suas matas virgens, mas por diversas vezes matou sua vontade de ver o corpo de sua namoradinha despido das convenções culturais e sociais e em toques delicados e curiosos, como de um historiador foi descobrindo nele o seu sexo in maturação. Nunca entendi o por que posso tocar a face de alguém, posso ver seus olhos, mas o nu ser proibido como pecado, sujeira e despudor. Me sinto um lixo, às vezes.
Este rapaz me disse em nossa última conversa que está apaixonado, como se isto mudasse todo o curso de sua história. Estupidez! O que seria a paixão senão um derramar de dejetos em substâncias orgânicas-hormonais em nosso sangue? Assim como a adrenalina, endorfina ou ocitocina. Orgânicamente falando uma hora o nosso cérebro deixa de nosso sangue poluir, por isso deixamos de apaixonado estar assim como uma roupa mudamos? Não. A paixão não se explica em palavras, mas se vive. Se joga, amigo! Seriam estas palavras que eu ouviria sem um pingo esforço de pensar. Cliché por demais. O que ele na verdade quer é descobrir o seu vulcão e isto não é mau, é de humano pra humano, de animal pra animal. É de vida, porra!
Mas eu disse: O que você quer é comer esta garota. Mas então fiquei a imaginar: Por que é o homem que come a mulher,na prática sexual se visivelmente é a vagina que engole, come o pênis e ainda é submersa por líquidos, fluídos, salivas?
Quase que eu não escrevi isto. Ou escrevi de uma forma mais rebuscada, polida, poética, mas pensei, por que não posso falar abertamente sobre sexo se somos todos com excessão de Adão e Eva provenientes de uma ato sexual? É, o meu, o teu, o nosso pai e mamãe transaram para que pudéssemos ser concebidos. Até teus pais fizeram sexo um dia na vida.
O sexo deve ter uma importância imensa pra deus e eu fico a me imaginar: Será que deus já transou um dia na vida? Sim, eu sei que os deuses mitológicos adoravam, melhor gostavam, por que adorar só a deus. Enfim, os deuses mitológicos curtiam uma boa transa. Zeus que o diga! Este como curtiu... um deus Facebook com uma lista de muitas amigas e amigos, diga-se de passagem! Mas e o deus Judaico-Cristão? Nunca li em seu livro um comentário que ele tenha dado uma fugidinha, rapidinha, ou pego em uma das esquinas das nuvens ou nas cozinhas de seu tabernáculo. Mas eu vou perguntar isto a ele quando eu chegar no céu, por que pelo menos para o meu julgamento final eu passarei por lá. Mas se for pra ficar só cantando eu vou preferir descer ao Hades, mais quentinho, sempre tem festa, bons vinhos e muitas mulheres e homens disponíveis. Eu não nasci pra viver só cantando pra toda eternidade, né?
Será que estou sendo muito pós-moderno ou pós-contemporâneo?
Temos o livre arbítrio, mas se não fizermos em exatidão o que de nós deus espera, sofreremos amargamente a consequência do castigo dos céus. Onde entra liberdade nisto? Desenha, por favor.
Gente, uma vida saudável e ponderada é estressante por demais. Por isto amo as mulheres, nunca estão satisfeitas com nada, sempre tem uma gordurinha, pneuzinho, estrias, celulites, sempre em volta a acessórios plásticos que as travestem em perfeições. São os travestis as mulheres perfeitas, sinceramente. Quem nunca viu um traveco na rua e comentou: Perfeita, até parece mulher!
Um amigo recém casado estava estes dias comentando de seus desencontros com sua mulher. Sempre a elogia, mas nunca estão perfeitas e quando ele diz ensandecidamente que tem algum erro em sua produção ela se transforma num grande monstro e ele jura que a teme. Estas eram suas palavras: Eu nunca entendo minha mulher. Quando é sim é não e quando é não é talvez!
Eu sentenciei que no dia em que ele a compreender poderá se definir publicamente gay, é, apenas um gay pode entender uma mulher, o gay ele transita entre os dois universos, ele é homem e é mulher, está no meio do caminho e não no meio do muro. Uma questão de sensibilidade e perspicácia natural de gênero e sexo.
Eu também já me perguntei o por que me permito ser bombardeado por tantas perguntas, mas isto eu também não sei e nem encontrei respostas. Alguém se habilita avaliar?
Texto maravilhoso! Mas Cecília Meireles diria ao Zequinha... Porque sim... Porque sim já é uma resposta. E eu completaria... nós viemos aqui pra beber ou pra conversar? Um beijo e bons insights!
ResponderExcluirMuito bom!! Excelente... uma visão crítica de dois mundos, um que você viveu e outro que vive, sendo que o passado ainda o tem, fazendo com que questione o que é certo ou errado. O mais inteligente não é aquele que sabe de tudo, o mais sábio não é o que tem resposta para tudo. O inteligente e o sábio é aquele que questiona, que busca saber os "porques", e tudo começa com uma pergunta, se o sexo é bom? Se é pecado? Porquê é pecado? Se o amor é que devemos pregar, mas o sexo também é uma forma de amor. São esses questionamentos que fazem perceber que a inteligência e a sabedoria do homem não está em saber tudo e sim na oportunidade de usar os "Porques"...
ResponderExcluirLucia Alonso, obg pelo carinho e pela citação de Cecília Meireles, consigo escutá-la respondendo à ele, rs! Obg e passeie por aqui mais vezes... sempre tua casa as minhas insanidades!
ResponderExcluirRenan Campos... as tuas palavras me mega inspiram, neh! Realmente um encontro com uma pequena parte valorosa de meu eu, parte nobre, parte de todos nós... Obg pelas palavras
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ResponderExcluirViajar seria um bom sobre nome pra você. Não no sentido pejorativo ofensor, mas no sentido curioso indagador pelas certezas das incertezas que lhe fazem caminhar. Caminhar esse que lhe faz transitar pelas questões mais simples e escabrosas para aqueles com panca de resposta. Talvez sejamos frutos de um fruto em extinção meu caro. Talvez não sejamos nem fruto nem extinto, porém, o fruto... esse sempre será!
ResponderExcluirPerguntas... muitas! Respostas...algumas! Essência a sua! Bj no coração, piro com você!
Nossa, vcs acabam cmg com estes comentarios. Hender, obg sempre por ser repostas e perguntas na minha vida........ vc me inspira, mano. Te amo!
ResponderExcluirNosssa!
ResponderExcluirNunca tinha visto seu blog,gostei bastante desse seu olhar crítico.
Você me fez lembra Sócrates em algumas parte do texto e no final,rs!
Quando você cita "pós-moderno ou pós-contemporâneo" podemos ver a diferença entre quem tem conteúdo(sabe o que falar e o que escrever) para escrever e quem escrever por escrever ,mano tu é fera!!
Em nossa vida vamos sempre se depara com o Realismo e Idealismo,sempre construir e reconstruir,pensar e sempre repensar!!
Mano só sei que no final vai dar tudo nisso aqui “Só sei que nada sei”. :)