terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Aquele rapaz que em me transe

Hoje o sol não sairá 
A chuva não virá trazer teu lixo 
Para o meu portão 
Não me importo em ficar sozinho
Outra vez
As goteiras no assoalho desenham teu adeus
Frio e seco
É que a tempestade que caiu ontem
Inundou o teto da casa
E eu não tinha forças para me lavrar
Um amor que tem o calor do inferno 
E a luminosidade do pavor
Não me aqueceu 
Petrificou meu peito por meio flocos de gelo
Eu contemplava os cristais
E neles refletia as memórias tuas
Ainda havia o teu suor na fronha que não troquei
Ainda subsistiam suas marcas em meu corpo
Ainda sangrava as vias por onde
Trafegou o teu egoísmo 
E eu ali parada, calada, tímida e conturbada
Dançando com a masturbação
Sem música para acompanhar 
Os teus olhos já não posavam nos meus
Neles hoje repousa o transe da solidão 

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