"Conversando com um grande amigo ficamos a pensar sobre vida e morte... E nos perguntando: Qual o nosso medo maior, vida ou morte?"
Eu já pensei em me suicidar. E ponto final.
Mas foram reticências.
O medo pela vida me teceu o temor da morte.
A vida que corria em mim, corria o risco de minha fraqueza. Senti que fosse morrer nas mãos deste fantasma que calava meu sonho, sufocava a minha respiração. Eu gritei.
Ninguém ouviu. Ninguém ouve. Apenas eu.
Parecia que ele me mataria através de minhas mãos.
Mesmo sozinhos somos unidos pela mesma lembrança. Medo. Ou covardia.
Corro para a varanda e não tomo ar. Tomo o egoísmo de solucionar a minha questão. Questão de vida. Resposta de morte.
Temo ser estranho, maluco. Alguém já se sentiu assim?
Sou perseguido pela companhia deste alguém que domina minha cabeça. E eu o desconheço. Mas habita em mim. Preenche os vazios que me constitui vazio.
Fujo da varanda e encaro o espelho. Olho pra mim. Não me vejo.
Encontro-me com um bicho nos fundos do quartos dos fundos. Íris.
Eu não sou deste corpo. Não constituo esta matéria.
Eu reprovei.
Reprovei no curso da vida e discurso filosofias que me enganam.
Tentativas de permanecer de joelhos.
Súplicas por conformidades. Vacilo!
Eu sofro por saudades da época em que sonhava.
Sofro por falta das sobras, das divisões, matemáticas afetivas.
Sofro por que tudo acabou e eu não percebi.
Sofro e percebo o sofrimento. Ele é árduo pra mim.
Eu já pensei em exclamações, mas sou pontuado em pingo negro e solipsista.
Eu já pensei em morte, mas temo depois dela ainda encontrar vida.