sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eutanásia

Confesso que uma lágrima rolou em meu rosto nesta tarde. Ela não era salgada, era amarga e fria, carregada por sentimentalidades do mais íntimo de minha paz.
Eu senti alegria e dor. Felicidades e tristezas trançaram em meu peito suas tramas e sem dramas, sem mais nem menos vi romper o vento entre nós e nos despedimos no blasé do ignorar. Suicidamos-nos um ao outro, assassinamos o beijo, o abraço, respeito e todas as mais sublimes afetividades simples. Você prosseguiu, sorriu prum João alguém. E eu?
Ah, eu sepultei-me em mim e fiz flor em couve para alegrar o meu ar. Comi seco o meu doce predileto, no reclamar de está horrível, mas eram os meus lábios que amargavam fel.
Te mandei embora, embora não quisesse que fosse.
Te deixei deixar as mágoas, mas eram os sorrisos que esperava.
Te fiquei sorrindo, mas eram medos que em meu peito ardia feroz.
Te permiti voar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Passarinho livre em si

Eu não te quis pesado
Te quis livre em teus vôos
Entre os sóis congelados
Entre os versos de amor

Não te prendi em meus versos
Te escrevi para viver em mim
Sem o Cristo nos terços
Sem começo, meio e fim

Eu não te cri imaculado
Te fiz inocente em teus sous
Dentre o nós enforcado
Dentre espinhos e flor

Não te prendi em meus gostos
Te escrevi pra morrer em mim
Sem Cristo nos santos postos
Sem remorço, freio e mim

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Coisas que nunca encontrei respostas

A minha longa vida sempre foi marcada por questionamentos e dúvidas em relação aos mais variados assuntos. Já cheguei à graça do entendimento de saber que somos como seres humanos, pessoas sugestionadas à mutação, mudança de mente e hábitos, mas ainda sim, me encontro por horas no lugar de Zequinha, aquela criança-adolescente do seriado brasileiro, Castelo Rá-tim-bum, que entre muitos por quês desenhava as assimetrias que produziam lacunas em sua cognição, mas por que? Por que? E sempre um adulto sábio e experiente retrucava impaciente -Por que sim.- Mas por que sim, não é resposta.
Estou rindo sozinho aqui, só pensando no mundo de perguntas que já fiz ao meu pai, rs! A mais comum, aquela que todas as crianças fazem foi: Mas como eu fui feito? Como eu nasci? A resposta veio com toda maior tranquilidade e sutileza: Ah, para te fazer papai teve que se deitar com a tua mãe... Resultado, nunca mais permitir uma pessoa se deitar ao meu lado. Não sou normal, eu cresci também pensando que beijo na boca engravidava, sim, é estúpido, eu sei, mas naquela época eu não sabia, embora discrepantemente nunca tenha acreditado no Papai Noel.
Tantas coisas que nos ensinam e nos modelam de acordo à valores e pretensões que somente à estes mesmos paradigmas competem interesse. Mas então vem a vida e suas experiências e nos permite um pingo em alguns "i's" desenhar e um leve sentimento de liberdade nos ocorrer, mas o conhecimento nos aprisiona em nós mesmos, nos antissociabiliza e nem sempre podemos voltar à trás.
Religião? Eis um assunto do qual nunca encontrarei respostas. Francamente me remete o entendimento de ser a maior estupidez criada pela espécie humana. O que nos religa a religião? Ela só nos segrega e afasta. E eu não falo apenas em relação ao próximo, mas tomo como partida de meu próprio eu. Como posso amar ao meu próximo como à mim mesmo se o meu eu deve ser morto a cada dia como princípio de efetivamente seguir um credo? Credo em cruz! Estaria ai uma boa justificativa para uma chacina, eu mato você assim como eu mato à mim mesmo. Não acompanho!
Há uns anos atrás um adolescente me procurou pra conversar. Tinha completado suas quinze primaveras e sentia desesperadamente os seus hormônios pulsarem salientes em seu sangue. Um abraço era suficiente para sentir um Everest rugir em meio seus sustentáculos de locomoção, ou em metáfora mais adequada, sentia um Mauna Loa cuspir feroz e descontrolado suas lavas por entre sua cueca apertada.
E era exatamente sobre os vulcões que ele queria conversar. Como controlá-los? Em que pensar? O coitado havia sido orientado por uma pessoal liderança religiosa à correr, isto correr, running, jogging, cada vez que sentisse o tremor de suas placas tectônicas se chocarem, mas chocado fiquei eu ao saber que em pleno século XXI provocar e descobrir minhas erupções solitárias era pecado. -Deus criou o sexo para o homem e para a mulher e não para o prazer solitário.- Meu Deus, mas se eu não conhecer o meu prazer, como permitirei o meu próximo se encontrar comigo em momentos de prazer e volúpias? Não deveria ser aplicado ai o ao próximo como a si mesmo? Está na hora de deixarmos de abraçar o cadáver de uma cultura de fé e cultivá-la numa nova perspectiva.A de diálogo.
Este menino cresceu e hoje aos seus dezessete anos e em vida vulcânica ativa se condena amargurado por macular suas mãos perante deus. Na verdade ele ainda não desbravou suas matas virgens, mas por diversas vezes matou sua vontade de ver o corpo de sua namoradinha despido das convenções culturais e sociais e em toques delicados e curiosos, como de um historiador foi descobrindo nele o seu sexo in maturação. Nunca entendi o por que posso tocar a face de alguém, posso ver seus olhos, mas o nu ser proibido como pecado, sujeira e despudor. Me sinto um lixo, às vezes.
Este rapaz me disse em nossa última conversa que está apaixonado, como se isto mudasse todo o curso de sua história. Estupidez! O que seria a paixão senão um derramar de dejetos em substâncias orgânicas-hormonais em nosso sangue? Assim como a adrenalina, endorfina ou ocitocina. Orgânicamente falando uma hora o nosso cérebro deixa de nosso sangue poluir, por isso deixamos de apaixonado estar assim como uma roupa mudamos? Não. A paixão não se explica em palavras, mas se vive. Se joga, amigo! Seriam estas palavras que eu ouviria sem um pingo esforço de pensar. Cliché por demais. O que ele na verdade quer é descobrir o seu vulcão e isto não é mau, é de humano pra humano, de animal pra animal. É de vida, porra!
Mas eu disse: O que você quer é comer esta garota. Mas então fiquei a imaginar: Por que é o homem que come a mulher,na prática sexual se visivelmente é a vagina que engole, come o pênis e ainda é submersa por líquidos, fluídos, salivas?
Quase que eu não escrevi isto. Ou escrevi de uma forma mais rebuscada, polida, poética, mas pensei, por que não posso falar abertamente sobre sexo se somos todos com excessão de Adão e Eva provenientes de uma ato sexual? É, o meu, o teu, o nosso pai e mamãe transaram para que pudéssemos ser concebidos. Até teus pais fizeram sexo um dia na vida.
O sexo deve ter uma importância imensa pra deus e eu fico a me imaginar: Será que deus já transou um dia na vida? Sim, eu sei que os deuses mitológicos adoravam, melhor gostavam, por que adorar só a deus. Enfim, os deuses mitológicos curtiam uma boa transa. Zeus que o diga! Este como curtiu... um deus Facebook com uma lista de muitas amigas e amigos, diga-se de passagem! Mas e o deus Judaico-Cristão? Nunca li em seu livro um comentário que ele tenha dado uma fugidinha, rapidinha, ou pego em uma das esquinas das nuvens ou nas cozinhas de seu tabernáculo. Mas eu vou perguntar isto a ele quando eu chegar no céu, por que pelo menos para o meu julgamento final eu passarei por lá. Mas se for pra ficar só cantando eu vou preferir descer ao Hades, mais quentinho, sempre tem festa, bons vinhos e muitas mulheres e homens disponíveis. Eu não nasci pra viver só cantando pra toda eternidade, né?
Será que estou sendo muito pós-moderno ou pós-contemporâneo?
Temos o livre arbítrio, mas se não fizermos em exatidão o que de nós deus espera, sofreremos amargamente a consequência do castigo dos céus. Onde entra liberdade nisto? Desenha, por favor.
Gente, uma vida saudável e ponderada é estressante por demais. Por isto amo as mulheres, nunca estão satisfeitas com nada, sempre tem uma gordurinha, pneuzinho, estrias, celulites, sempre em volta a acessórios plásticos que as travestem em perfeições. São os travestis as mulheres perfeitas, sinceramente. Quem nunca viu um traveco na rua e comentou: Perfeita, até parece mulher!
Um amigo recém casado estava estes dias comentando de seus desencontros com sua mulher. Sempre a elogia, mas nunca estão perfeitas e quando ele diz ensandecidamente que tem algum erro em sua produção ela se transforma num grande monstro e ele jura que a teme. Estas eram suas palavras: Eu nunca entendo minha mulher. Quando é sim é não e quando é não é talvez!
Eu sentenciei que no dia em que ele a compreender poderá se definir publicamente gay, é, apenas um gay pode entender uma mulher, o gay ele transita entre os dois universos, ele é homem e é mulher, está no meio do caminho e não no meio do muro. Uma questão de sensibilidade e perspicácia natural de gênero e sexo.
Eu também já me perguntei o por que me permito ser bombardeado por tantas perguntas, mas isto eu também não sei e nem encontrei respostas. Alguém se habilita avaliar?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Adeus numa nota só

Com eira e beira eu vi as suas raízes serem desarraigadas de minhas terras. Com razão e por que eu vi suas lembranças serem esquecidas em minhas conversas. Sem dor nem calafrios eu vivi o seu amor se extinguir em mim. Neste dia eu cantei aquela nossa canção, aquela trilha de nossos passeios e ela tinha som, tinha melodia, tinha poesia, tem emoção, mas sem percussão orgânica era apenas tino vazio pelo ar, era música sem ar, era poesia sem você. Enfim, eu pude deixar de amar ou me perguntar se um dia amei.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Papo sério

De papo sério eu vim de lá
Pra te esperar chegar, amor
Por que você não veio?

Vestida em rosas brancas
Ruas a perfumar de amor
Teci meu corpo inteiro

Pra te encantar cheguei
Os olhos adornei
Desenhei nas íris teu beijar

Pra te beijar, meu bem
Os lábios adocei
Lambuzei das ervas do pomar

Vem então
Não fuja do coral
Nem sai na lateral
O papo é reto, é sério e sem caô

Se joga então
Nos braços infernal
Sem pompa social
Não fale. Cale-me a boca com amor

E eu vou ao céu infernizar teu deus
Coloro o céu de rubro sangue e meus amores
Em fogo incendental

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Era um marco

Nunca o vi gargalhar como daquela forma. Não sei se conseguiria me entender, mas era como se estivessem chacoalhando as ondas nas pedras do mirante. O seu riso era som de muitas águas e isto me contagiava. Eu sentia me encharcar pelas gotículas e suas maresias me corroíam os ossos desfazendo minhas estruturas emocionais. Enquanto ríamos, Marco chorava suas dores. Sentia suas flores florescerem em despedidas repentinas e afiadas. O coitado havia rido um corcovado semanas anteriores, estava sentido-se como rei. Valente menino na comemoração de um primeiro coração ter conquistado. Mas eram mais quisto o umbigos ao coração sincero, amigo, carinho. Duraram pouco seus risos e logo se estabeleceram os cisos no desapaixonar.
Eu não sabia se me banhava nos sais daqueles sorrisos ou contemplava o juízo que se construía menino em Marco. Eu poderia rir, festejar e fazer de conta que o sofrimento era apenas uma ponta de meu prezar, mas poderia escolher pesar a consciência e sentir que o meu mundo também não era assim tão jardim em risos de flores. Nesta hora eu senti um feixe de águas salgadas deslizarem em meu rosto e ele marcou minha emoção e sentir ser feliz.
Era um marco. Era um mar. Era um amor. Era um menino. Era um menino que voltaria a sorrir amanhã e isto me marcaria outra vez o amor.

Quando Cândida amou

Foram cinco cigarros, duas tequilas, uma taça de vinho e algumas cervejas. Se embriagou do álcool e das nicotinas, mas não sentiu o vazio de seu peito ser preenchido. Chorou sozinha.
O seu mundo girou, perambulou e ela caiu na sarjeta das ruas da cidade de cima. Esta mais perto de deus, mas ele não tinha os seus ouvidos atentos aos seus gritos estridentes.
O sol escondeu os seus filhos dela. A lua ocultou de seu dragão o fogo. Até as nuvens dissiparam suas sombras. Eram dias de chuvas e ventos, seca e frio. Eram dias de estações fora de estação.
Cândida tinha o dom da solidão, do grito, do medo, das dores. Cândida tinha o dom nobre de amar. E Cândida amou.

domingo, 4 de setembro de 2011

Um macular de um belo poema

"Salve terra fidelense jóia rica do Brasil"... deste verso se inspirou o meu coração na tentativa de entender o acontecido nesta madrugada em minha bela Igreja Matriz.
Queria fazer deste hino uma prece, um pedido pra que Deus salve a jóia rica de São Fidélis... que não são os poemas, as belas montanhas e cachoeiras, tampouco a própria Matriz, mas os próprios fidelenses que a esta beleza e encanto traz vida, sangue e riqueza. Clamo hoje pra que Deus nos ensine como cidadãos do reino e do município, honrarmos nossa raíz, nossa essência, aquilo que de belo temos e por Ele mesmo foi dado.
Não sou católico, mas sou homem, humano, fidelense e cristão. O acontecido faz o meu coração sangrar, mas não por um partidarismo religioso, mas por uma dor de se entender numa estrutura desrespeitosa, vandalista, e medíocre.
Juramos São Fidélis como cidade de cabeça de porco enterrada, mas nos portamos às vezes como cabeça de porco enterrada no centro do próprio ego, vazio e estupidez, umbigo. Me desculpem, mas tenho anseio por um vômito de emoções e indignação. Inaceitável!
Moramos na cidade poema e nossas construções poéticas são injúrias, falta de fé num futuro próspero, preconceito, maledicências e agora a volta do vandalismo.
Estou até agora tentando digerir o acontecido. Podem sim quebrar as imagens, sujar as portas do templo, ridicularizarem com baixos risos este credo, mas não podem calar a boca de Deus, tampouco cegar os seus olhos. Ali se encontram pessoas que clamam por amor e paz e ainda sim, quando eles se calarem, clamarão as pedras. Lamentável desrespeito. Mas para os vândalos fica o meu último post no Fabebook... Lei da semeadura... E que Deus faça-se transbordar em sol e chuva em suas vidas, fazendo as sementes de suas atitude brotar e florescer.... E então quero ver vocês clamarem por misericórdia. Quando isto acontecer, podem bater a porta pixada da Matriz e os amados que lá congregam com amor e caridade os receberão........ "Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos aqueles que nos tem ofendido... amém."