domingo, 22 de maio de 2011

Pé de amor, pé de vida

naturalmente o pé cresceu e virou uma enorme árvore de bons frutos que em breve estaria por vir no momento em que sua natureza se rendesse às surpresas inevitáveis que a vida graciosamente o reservara como declaração de puro zelo na expectativa de vê-lo romper com seus próprios parâmetros de ser nato ser natural ser notável e se permitir deixar de ser apenas uma plantinha no diminutivo pejorativo e ambíguo da expressão coloquial o ambiente ansiava por ver seu outono chegar e o despir de todas aquelas velhas e secas folhas os quais já o cegava a respiração queria o ambiente vê-lo remexer em busca do aquecimento de seu caule e galhos como resposta pragmática ao frio que como uma navalha afiada o podava sentimentos e emoções outrora tão essenciais e necessárias distanciando-o de seu habitat natural seu terreno fértil seu solo frutífero sua zona seu conforto seu chão mas no convite de tangir as alturas as nuvens o ar não rarefeito a natureza o convidava à ser tocado pelos primeiros raios do sol às primeiras forças da vida ao calor ao brilho à luz que revelaria-o os mistérios secrenciados por ele mesmo expirando dor os botões romperiam seu caule e logo belas flores apareceriam convidando abelhas, beija-flores, pássaros variados à virem dançar em sua presença. A dança dos pássaros seria um colar de preciosidades, as flores seriam como brincos, o pé estaria lindo, fixo ao solo, mas com extensão infinita. Seria poesia, seria descanso, seria alimento, seria mel. Ao passar da estaçao os seus brincos seriam cores que coloririam o chão ao seu redor, um tapete ou um buquê para outras declarações de amor e mesmo assim ele não seria menos belo, pois então haveriam frutos, haveria sombra, haveria muitas cores, haveria, de fato, o amor

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