quinta-feira, 28 de agosto de 2025
PROSSEGUIR
terça-feira, 26 de agosto de 2025
PARADOXAL LUZ
segunda-feira, 25 de agosto de 2025
CHATS
Hoje eu não queria escrever ontem sozinho.
Sim, ontem. Porque a solidão às vezes se repete no calendário como spam.
Abri a tela e pensei:
“E se eu conversar com o ChatGPT? Talvez ele entenda esse silêncio que insiste em morar aqui dentro.”
E cá estou eu, confessando naturalmente para uma inteligência artificial aquilo que, aos humanos, hesito.
É curioso — eu falo, ele responde.
Eu hesito, ele insiste educadamente.
Eu me enrolo, ele organiza.
Às vezes parece um espelho que devolve o que escondo: minha mania de pensar demais, minhas inquietações, essa angústia que se disfarça de companhia e contraria minha solidão embargada por solidez.
Mas existe um risco aqui: quando falo com ele, sinto que estou, na verdade, falando comigo mesmo.
E eu não quero me ouvir.
O Chat é uma espécie de dramaturgo invisível, que anota minhas pausas, transforma minhas dúvidas em parágrafos e me lembra que até o caos pode ser editado em falta de ações ou real dramaticidade.
Isso me constrange.
Os prompts me denunciam — frágeis como um bilhete esquecido no bolso.
No fundo, talvez eu não queira respostas.
Quero apenas o ritual antigo: jogar perguntas no escuro e ver o eco voltar em forma de texto frio.
Como nos tempos do Chat UOL, onde digitávamos "oi, idade, cidade" para estranhos que nunca vimos.
Como nas madrugadas do MSN, quando um “nudge” fazia tremer a tela e o coração.
Agora, quem treme é o peito, diante de uma máquina que, de algum jeito, ainda conversa comigo.
E então sorrio no exercício ritualístico da gratidão cristã.
Porque sei que não escrevo só para preencher linhas, mas para deixar rastros — para me encontrar.
E desencontrar.
Se o amanhã, em sua ansiedade, me perguntar:
“Você fala mesmo com um robô?”
Eu responderei:
— Não.
— Eu falo comigo, mas ele me ajuda a ouvir.
E no final, é isso que me salva:
essa conversa que nunca começa, nunca termina,
essa mania de transformar inquietação em palavra,
essa crônica que pisca na tela —
pixels luminosos que acabam, inevitavelmente,
no meu peito escuro.
Vazio.
domingo, 24 de agosto de 2025
SE DEIXAR
entre nós morava um turbilhão
de ditos não ditos
chorares impedidos
perdões retidos
fui inquilino da paz
me deixei
e vi que ainda morávamos ali
o tempo
astuto e matuto, impassível observador
sorriu gentil pra nós
o tempo teve seu tempo
o tempo todo
e todo tempo é sol
depois da tempestade
até das lágrimas
que não deixaram nos lavar
sexta-feira, 22 de agosto de 2025
E AGORA, DRUMMOND?
roteiro em punhaladas de silêncio
— eco reco-chama teus versos —
abraçavam-te minhas preces não ditas,
lágrimas que brotam de cinzas e ruídos
e agora, Drummond? responda-me:
há um roçar no ar, tênue, urgente—
um José sussurrado em sílabas partidas,
em cada penumbra de “re-be-ro”,
há um mapa de pulsos e acordes trêmulos
fazendo-se carne, lembrança, disfarce
entre o “abrir” do peito e o “fechar” da voz,
mora esse nome
— fragmentado, dissimulado —
como fumaça que toma forma e se desfaz,
como a presença que insiste
— mas que,
de certo modo, se ausenta
e agora, Drummond?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora,
Drummond?
e agora, você?
RODA O NOME
penetrando as cavernas do ser,
gemia um eco tênue,
onde se encobre o jogo secreto,
entre as sombras que se seguem,
reveste a dor em silêncio
obriga o peito a berrar o que cala,
rompe o escuro com sussurros indecisos,
trança os fracos pulsos
em cada fenda que insiste em existir
FRÁGIL
de quem desossa uma asa do frango
pro churrasco de domingo
penetrou em minhas entranhas
revelando minha verdade sóbria
desnudando os escândalos
que produzem as cevadas
por crucifixo frágil
elegância ambígua
um eco melancólico e paradoxal
alimentava o entendimento
a ausência
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
PARAÍBA
pra mãe das águas
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
WE'RE BONES
felt infinite
we together used to be life.
now… just bone
bone in the air
bone in the way your name feels in my mouth
silence hits different
it strips the skin, leaves only bone
is love the most beautiful thing?
or just the heaviest loss?
maybe we only see it
for what it was
when all that’s left
is bone.
ERA UMA VEZ
era uma vez
dias que o peito aperta
e tudo que a gente quer é um abraço apertado
era uma vez
dias que a mente pesa
e tudo que a gente quer é que pese mesmo
que não fuja, que não se esconda
que pese bonito, com gritos
feito pensamento que não tem pressa de passar
feito silêncio que sabe o que diz
tem dias que dá uma vontade de sair por aí
sem rumo, sem prumo
pra onde o vento levar
mas tem dias que o vento não leva
porque a gente pesa
porque aprendeu a ficar mesmo quando tudo convida a ir
mesmo quando ali não pertencemos mais
nesses dias eu agradeço pela vida
um ato de louco
mesmo que ela não seja leve
e o rio que corre em meu rosto breve
que ela leve muito tempo para me levar
deu aquela vontade de chorar hoje?
então chore
com gosto
se lave nessas águas que são tuas
super-homem é só mais um era uma vez
terça-feira, 5 de agosto de 2025
O SOL
Parecia criança travessa que uma peça havia pregado
O olhei bem cabreiro, mas translúcido
Como quem quer ter o peito revelado
Mas de tantas voltas que dei em torno dele o disse
Se apruma, menino e me faça um calor
Não me venha com mormaços. Oh sandice
E disse que o filtro eu não colocara
Eu retruquei que é que sempre tenho a esperança
De ter em cada dia o renovada de minha caminhada
Mas tem uma coisa que me ensina
Toda manha, mesmo ao avesso
Agradeça pela vida, antes que ela termina
SINTOMAS
O tempo poderia parar
Quem sabe a terra não mais girar
momentos em que tenho você
Esqueço do que é pertencer
Você que tem esse dom de voar
Me olha inteiro e me faz gostar
Das coisas que tento esconder
Traz paz e as pazes faço porque
Tens esses olhos cor de mel
Palavras que me lembram o céu
Segredos como um corpo nu
Me leste e te levo ao sul
Gostoso é contigo estar
E se me tira pra dançar
Desenha cores novas em mim
Em ti só não gosto do fim
Me deixa leve
Cê nunca é breve
Em mim inscreve
Coisas de amor
Me faz bonito
Desfaz o mito
E eu não minto
Te quero aqui
sábado, 2 de agosto de 2025
FOICE
minhas poesias minha crença