segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dois bigo

Sonho
Acordo
E dou corda
Pra o enforcar
Forca
Sem força
Palavras
Que nem sei falar
Falo
O calo
Que caleja
Meu pedalar
Peço
Não pido
Repito
O pesadelar
Duelo comigo
Com os dois bigo
Me esqueço
Aqueço
Esfrio
Frito a emoção
Queimo as massas
Acordo pra vida
Retornar
Sem vivo
Sem morto
Morno
Tem dias que sou real frustração.


domingo, 23 de junho de 2013

Lágrimas

- Eu me rendo. Não precisa atirar. Calma!
Estas foram as minhas últimas palavras antes de ser atingido pelo lapso de entendimento que todas as minhas possibilidades já haviam fugido de minhas mãos, como areia finas entre os dedos. Eu chorei. Chorei muito. Mas isto também foi na plenitude de minha solidão. O silêncio compartilhou de minhas frustrações, eu corei a face, disfarcei o bom humor com realidades de frio. Desistir talvez possa significar recomeço e eu estava disposto a recomeçar de onde sai, do nada, sem tudo.
Ana sorriu, compreendeu que nada estava acontecendo. Quis por teimosia dizer pra si que nadar seria o mais correto e produtivo. Mas o rio já havia secado. Ninguém ria ali.
Elizabeth não fez diferente, começou recitar um mantra. Perfurou os meus tímpanos com ladainhas que apenas me causavam enjôo. Cão que ladra não morde, mas ela não compreendeu que o seu pai estava ocupado com outros serviços reais. Os meus eram apenas imaginários.
Da Carla eu não quero falar, nem do Roberto. Do Paulo talvez falaria, mas desta vez o Paulo não disse estupidez. Ele preferiu selar o meu tumulto com um silêncio que cortava o meu peito. Será que fui eu quem não soube ouvir?
Quando eu tomava o último gole de ar para preencher o adeus, o Joaquim chegou. Antes não tivera vindo. Ele riu do meu drama. Construiu cócegas de meus choros. Zombou de mim. Aplaudiu minha queda. Sambou na minha face, sem cerimônias me declarou casado com a derrota e eu nem força para ignorar tinha. Eu gargalhei com o desamor.
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Lançamento do livro "A vida, morte e as paixões no mundo antigo"

INsanos e INsanas... 
Eis aqui um imperdível convite: lançamento do livro "A vida, morte e as paixões no mundo antigo: novas perspectivas", organizado por Flávia Schlee Euler e minha querida professora Isabela Fernandes, que tem muita influência em meu trabalho como artista.
Bem, o livro contem artigos de variados professores, sobre mitos e outros temas afins na Grécia, Roma e Egito... Já estou ansioso pra iniciar a leitura!


domingo, 9 de junho de 2013

Quando a amizade acaba

Ela estava acostumada às mudanças de outras estações. Conhecia o sabor do sal do verão nos olhos e os arrepios do vento frio do inverno. Ela sabia falar das folhas que caiam no outono ou dos espirros constantes que as flores da primavera a provocavam. Ela só não sabia falar da solidão que agora se desenhava como a única e fiel companheira. Quando morre um irmão a gente chora como se perdesse parte do peito. Quando vive um amigo distante de nós o choro é quem conforta o peito. 

- O que estou sentindo é alguma coisa com sabor de morte. Sinto-me confusa diante das sentimentalidades estúpidas que arquiteto para justificar o fim. É tão engraçado o nosso comportamento diante à morte. Somos projetados pra vida? Não. Somos projetados para atrapalhar os projetos que nos afastam de nós mesmos. Trocamos os pés pelas mãos e gozamos alegria de ter caminhado conquistas e na realidade nada conquistamos senão o nada. Agora minhas lágrimas produzem rios. Eu não sei nadar. Pelo menos não sozinha. Eu me satisfazia na companhia dela que me abria os mares pra que eu caminhasse em terra seca. Ela sempre enxugou minhas lamas com os mesmos guardanapos que eu jogava fora. Mas não foi por isto que a amei. Eu a amei pela fidelidade que eu também respondia. Eu a amei por escolha, mesmo não correndo o mesmo sangue em nossas vias. Nosso percurso foi traçado por... Não sei dizer. Nunca racionei o nosso compromisso. Apenas nos comprometemos, sabendo que fazia, mas sentindo o fazer e fizemos. Quando foi que deixamos de fazer? Sigamos sem resposta. O riso deixou de ser o mesmo. O abraço deixou de ser um laço. A conversa ganhou tonalidades objetivas e séria. Bate papo parou de bater. O silêncio o papou. Este engordou dez quilos. Silêncio gordo, obeso e não mórbido. Vívido. A amizade morreu e com ela foram os sorvetes, pipocas, miojos e vodcas. Eu não senti nem frio, nem calor. Segui morna. Segui em círculos. Parei de seguir. E então o choro voltou fluir em mim. E em suas lágrimas depositou o meu peito as lembranças de quando eterno jurou o amor.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Àquela Ge Cortes

Val e Ge Cortes

Hoje o que eu queria era voar até a Cidade Poema e encher aquela que mesmo longe faz minha vida transbordar de paz, clamaria, alegria e amor por viver.
Aquela que você vê passear e se enche de orgulho por que na tua vida ela não passeia. Faz morada, casa, família... Aquela que chora com você e também ri das mais estúpidas piadas. E realmente não sou bom com estas coisas de fazer rir. Mas gargalho. Sim gargalho. Gargalho no som da gratidão que ela me ensina ter. Ela sempre diz que tudo vai dá certo e dá. E eu me dou por inteiro. Por amor. Por graça. Por ternura...
Hoje queria me dar por saudades. Mas vou deixar todo o meu intenso e insano, Val, simplesmente falar de gratidão pra Deus. E Orar pra que sempre quando eu não puder estar perto, que ele ministre o milagre de minha presença no coração dela. Assim como faz no meu. E então ela prossiga em paz e alegria.
Deus, que neste dia você pegue a Mazinha no colo e me empreste o teu coração pra ela sentir o meu pulsando por ela. Amém!

Feliz aniversário, Má!

Muralha da China

A tua voz já não ouço
Tua mão
Meu pescoço
Minha idas e os meus ais
Tuas voltas e vendavais

O meu riso
O desgosto
Arame liso
Muito esforço
Minhas tinas e os meus tais
Despedidas e temporais

Mudou
Secou
Mudei
Molhei
Meu rosto

A tua paz já não torço
Tua face 
Meu desgosto
Minhas piras e meus reais
Tuas tiras irracionais

Mudou 
Secou
Mudei 
Murei
Meu coração