sábado, 2 de novembro de 2024

Um homem que amei

 eu te guardaria nas nuvens

lá não há pensamentos

te conjugaria nos vens

de onde nascem os ventos


eu te namoraria no silêncio 

onde os olhos calam segredos

e nossos corpos tensos

nos acendem e falam em dedos


eu depilaria teu corpo 

e nu te inscreveria o desejo

assim de um jeito ríspido, louco

eu te deixo, sem deixar


seja na Lapa

ou no reservado das giras

eu em ti oferenda

você em minha boca 

tecendo rendas


às vezes você vira poeta

eu coleciono em ti rimas

para que o Rio aberta

pro Cristo

nos aproxima a cisma

Degustação

 eu chupando tua língua feito romã 

misturando saliva e o tom do hortelã 

brindando o raiar da quente manhã 

a gente sem manha

destrinchando-nos feito poncã

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Caju

 deixa a chuva cair

a gente anda seco demais

se hidratando apenas de lágrimas 


vem pra chuva se banhar

dura demais é a vida

pra com Lineker não dançar 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Mertiolate em pretérito perfeito

 um aperto

perto do peito

leito

onde repousaste

tua primeira pessoa 

do singular


o coração é louça 

serve 

e se quebra fácil 

se não em mim cola

pra ardência descolar


o coração é louça 

louca sou eu que gozo 

para tua masturbação egóica 


Flerte esportivo

 me leva no olhar

me more no canto de suas meninas

para acaso demore o sol

não sejam nas lágrimas que venha o abraçar 


me lava das mágoas 

me namore nos sorrisos

para que quando devore o anzol

não seja esse poema rasas águas