segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Sapiens

 somos

monstro sapiens

lidamos uns com os outros

como se fôssemos 

meros seres descartáveis 

nunca recicláveis 

à mercê do egóico

sentido do satisfazer

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Casa

 e me convidou a adentrar

sua casa humilde

revelando cada detalhe

de uma decoração confusa


revelou-me secretos suspiros

engalfinhados nas paredes 

manchadas por secreções juvenis


receoso se desnudou pra mim 

revelando sua alma

aquecidas apenas pelas velas

que velavam os defuntos

das paixões que não soube sepultar

e no teto desenhava o negro sabor da partida 






sábado, 9 de novembro de 2024

Pedestal

 acordei de um sonho bom

te fitei, te guardei no som 

de sussurrar romântico 

entre nós só há Atlântico 


inventei para nós histórias

costurei no dizer memórias

de gargalhar constante

todo eterno foi só o instante


no altar do peito te devotei

todo olhar, teu jeito, eu decorei 

no altar do peito te servi

o coração, menino, eu perdi


teu abraço é edredom 

tuas falas afinado tom

meu corpo teu pedestal

quebrado, vazio, caiado e cal


e de repente eu deixei de existir

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Solto

 o passado 

está pesado demais

mais gostoso

é o gosto da maçã 

que amassamos no beijo


vem pro presente

e de presente 

te dou um futuro

cansei de ser duro comigo

me leve solto

e me solto leve, amigo

Dois sóis

 a gente se ama

só não transa mais

a gente já não faz amor

mas do amor fomos feitos


assim desse jeito

assim nos dizendo sim

acolhendo-nos no peito

pra gente há feliz

nunca fim


deita ali no quarto ao lado

a cama já pequena está pra dois

nós dois que fizemos duas pequenas

removamos os lençóis 

e nossos sóis serão o pra sempre


nunca foi de repente