quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Caju

 deixa a chuva cair

a gente anda seco demais

se hidratando apenas de lágrimas 


vem pra chuva se banhar

dura demais é a vida

pra com Lineker não dançar 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Mertiolate em pretérito perfeito

 um aperto

perto do peito

leito

onde repousaste

tua primeira pessoa 

do singular


o coração é louça 

serve 

e se quebra fácil 

se não em mim cola

pra ardência descolar


o coração é louça 

louca sou eu que gozo 

para tua masturbação egóica 


Flerte esportivo

 me leva no olhar

me more no canto de suas meninas

para acaso demore o sol

não sejam nas lágrimas que venha o abraçar 


me lava das mágoas 

me namore nos sorrisos

para que quando devore o anzol

não seja esse poema rasas águas 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

E levou

 às vezes por medo de criar expectativas 

criamos barreiras 

às vezes pelo medo de sermos emocionados

não nos emocionamos

às vezes por medo do sentimento

não sentimos


deixamos de ser leves

e a vida nos leva a vida

que levamos tanto tempo

para encontrar 

Emocionado

 me recusei a sentir menos

do que era sentimento 

na pele crua deixei sentir o arrepio 

na espinha o frio

e no peito o calor da ternura


abri-me pra paz

joguei-me pro amar

sem medo


o mundo anda muito ardido

doçura é cura pro desespero


eu me emocionei nas poesias

me emocionei nas gargalhadas 

me emocionei nos desencontros

encontrei meu enredo

e ponto


ali dancei extravagante 

bem delirante, errante

brincante diante do medo


eu disse sim pra mim

e minha boca se encheu de água 

por onde navegaram palavras de conforto

um porto, abraço, um cheiro

me dei por inteiro


eu sei que o mundo anda cruel

mas não é do fel

que alimentarei o céu de minha boca

que hoje te diz

bom dia


sorria


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Pois é


pois é 
se cansou meu desejo dos labirintos teus
quem diria que o rio rejeitaria o mar?
o coração que outrora era labaredas
entre carmim e tons pastéis
hoje quer águas tranquilas para navegar
e minhas lágrimas são violentas
tais que correm feito cão raivoso
pelas cavidades que o tempo esculpiu
minha insinuação é prova real do desprezo
o meu corpo
cemitério de lembranças platônicas
decoração barroca que me veste santo

de coração, amor
não se devote à concessão do peito
não te condenará teu deus
por teus desencontros

que pecado por ti cairá
se foi o tempo que nos amargou
com sessões frias de sedução?

Outra vez

 outra vez o que era pra sempre

se decompôs em novas rotas

outra vez o que era presente

me surpreendeu fechando portas


outra vez o que era real

era real demais e sem nobreza

outra vez o que era legal

desconheci à mesma mesa


outra vez o que era "te amo"

se transformou em educado abraço 

outra vez "esse é o meu ano"

me reprovou em tudo que faço 


mas


a esperança não é a última que morre

porque a esperança sempre está à espera

de um novo fôlego de vida


relaxa

toma um ar

e tente tudo outra vez